Cantora denuncia exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó durante programa de TV gospel

Aymeê Rocha expõe realidade chocante e governo federal intensifica ações para combater o abuso infantil na região

Cantora Gospel, Aymée Rocha durante apresentação no Dom reality – Foto: Reprodução/Youtube

Nesta semana, durante a semifinal do programa “Dom reality”, transmitido no YouTube e voltado ao público gospel, a cantora Aymeê Rocha trouxe à tona uma realidade chocante que assola a Ilha de Marajó, no estado do Pará: a exploração sexual de crianças e o tráfico de pessoas menores de idade. Utilizando sua música autoral intitulada “Evangelho de fariseus” como plataforma de denúncia, Aymeê expôs os problemas sociais e ambientais enfrentados pela região amazônica.

A letra da música trazia versos que ecoam a situação desesperadora vivenciada por muitos na Ilha de Marajó. Trechos como “Enquanto isso no Marajó, o João desapareceu esperando os ceifeiros da grande seara” lançaram luz sobre a triste realidade da exploração infantil na região.

Em suas declarações após a apresentação, Aymeê Rocha revelou detalhes alarmantes, descrevendo um cenário onde crianças, algumas com apenas 6 ou 7 anos de idade, são vítimas de exploração sexual, muitas vezes se prostituindo por valores insignificantes em embarcações locais.

Essa denúncia ressoou não apenas entre os espectadores do programa, mas também na esfera política. Em 2020, a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também levantou preocupações sobre a situação na Ilha de Marajó, porém, suas alegações foram posteriormente consideradas infundadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

Diante da gravidade do problema, o governo federal lançou em maio de 2023 o programa Cidadania Marajó, substituindo iniciativas anteriores. O programa visa abordar de forma direta e eficaz a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes na região.

As denúncias de Aymeê Rocha ecoam o trabalho incansável de líderes religiosos e ativistas locais, como o bispo emérito da região, Monsenhor Dom José Luiz Azcona, que há décadas têm lutado contra a exploração sexual de menores em Marajó. As imagens capturadas durante operações policiais, mostrando meninas em situações de vulnerabilidade, são um lembrete da urgência em enfrentar esse problema complexo e arraigado.

Diante disso, é crucial que medidas efetivas sejam tomadas não apenas para punir os responsáveis, mas também para fornecer apoio e proteção às vítimas dessa exploração. A denúncia de Aymeê Rocha serve como um chamado à ação, instando autoridades e sociedade a enfrentar de frente essa terrível realidade e garantir um futuro mais seguro e digno para as crianças de Marajó.

Governo diz que exploração sexual é preocupante e lista ações

O Ministério dos Direitos Humanos anunciou uma série de medidas para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha de Marajó, no Pará. Em resposta às preocupações levantadas pela cantora gospel Aymeê Rocha durante sua participação no programa de TV, o governo federal reforçou seu compromisso em lidar com essa grave questão.

Em comunicado divulgado na noite desta quinta-feira (22/2), a pasta enfatizou a importância de não associar imagens de vulnerabilidade social à exploração sexual de menores na região. Ressaltou que, embora a realidade de exploração sexual na área seja preocupante e histórica, é fundamental evitar sua utilização de forma irresponsável e descontextualizada, pois isso apenas contribui para o estigma das populações locais e agrava os riscos sociais.

Para enfrentar esse desafio complexo, o Ministério dos Direitos Humanos conduziu visitas ao território marajoara, com a participação de delegações do governo federal e autoridades locais. As ações do programa Cidadania Marajó contam com o apoio das forças de segurança federais, incluindo a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ministério da Defesa e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará. Essa colaboração tem como objetivo desarticular redes de exploração, abuso e violência sexual na região.

Outro passo importante é a parceria estabelecida com a Universidade Federal do Pará, que recebeu um investimento significativo de R$ 1 milhão, sendo metade desse valor destinado especificamente ao Marajó. Esses recursos serão utilizados para implementar a Escola de Conselhos no Pará, um projeto que beneficiará dezenas de conselheiros tutelares na região, fortalecendo a proteção e assistência às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Foto: Reprodução/Record

Cuidado com a fake news sobre “tráfico de crianças” em Marajó

Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais, mostrando um automóvel abarrotado de crianças, suscitando a preocupação com o possível tráfico humano na Ilha de Marajó (PA). No entanto, é crucial esclarecer que esse vídeo não tem origem na Ilha de Marajó e tampouco representa uma ocorrência de tráfico de crianças.

A denúncia feita pela cantora gospel Aymeê Rocha sobre a exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó despertou um debate intenso nas redes sociais. No entanto, é importante mencionar que essa discussão também foi marcada pela propagação de informações falsas. Um exemplo disso foi o compartilhamento equivocado de um vídeo que retratava um incidente ocorrido em Bukhara, Uzbequistão, sendo erroneamente associado à realidade de Marajó. Essas falsas representações distorcem a gravidade do problema, minando os esforços para enfrentar a exploração infantil de forma eficaz.

 FOTO DESTAQUE: Lázaro Roberto de Menezes

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