Provérbios 1:1-7 – NTLH
1 Provérbios de Salomão, filho de Davi e rei de Israel.
2 Estes provérbios nos ajudam a dar valor à sabedoria e aos bons conselhos e a entender os pensamentos mais profundos. 3 Eles nos ensinam a vivermos de maneira inteligente e a sermos corretos, justos e honestos. 4 Podem também tornar sábia uma pessoa sem experiência e ensinar os moços a serem ajuizados. 5 Estes provérbios aumentam a sabedoria dos sábios e orientam os instruídos, 6 fazendo que entendam o significado escondido dos provérbios e dos ditados e compreendam os mistérios que os estudiosos procuram explicar.
7 Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor. Os tolos desprezam a sabedoria e não querem aprender.
Por Jânsen Leiros Jr.
Revisado e ampliado em 09/04/2024
“Salomão[1], afirma a Bíblia, foi o homem mais sábio que já viveu no mundo. Em I Reis 4:29-31, o narrador afirma: “29 Deus deu a Salomão sabedoria, entendimento fora do comum e conhecimentos tão grandes que não podiam ser medidos. 30 Salomão era mais sábio do que qualquer homem do Oriente ou do Egito. 31 Ele era mais sábio do que todos os homens…”. Tal condição o credenciou a escrever o livro de Provérbios, ou pelo menos boa parte dele, e a transmitir os conceitos, os preceitos e a doutrina de Deus, àqueles a quem devia a instrução para conduzir o povo de Israel[2].
Nessas introduções, Salomão apenas define as pertinentes abrangências da sabedoria e sua aplicação prática na vida cotidiana. Mas ele faz um alerta veemente antes de qualquer provérbio ser dito e antes de qualquer ensinamento ser passado. Qualquer orientação só terá efeito a partir do temor a Deus[3]. Quem não teme não será capaz de obedecer. E como quem não obedece não se importa com a instrução, quem não teme não terá qualquer condição de agir com sabedoria. Simples, direto e verdadeiro.
A essa altura, é bom ressaltar que temor não é o mesmo que medo ou horror. É, antes, respeito venerável. É submissão consciente. Um reconhecimento da superioridade daquele que criou, amou e resgatou. Temor é amor em ação. É devoção que conduz à adoração.
A sabedoria, discorrerá Salomão ao longo de todo o livro, aponta para a prudência, a diligência, o empenho e o zelo, palavras e atitudes completamente fora de moda em nossos dias, devido ao pragmatismo das relações e à urgência das realizações. Muito pelo contrário, vivemos num mundo em que somos incentivados ao desprezo e ao descaso, chegando às raias da negligência endêmica e da sabotagem estrutural. Somos incentivados a ser tolos[4], palavra que Salomão vai utilizar para antagonizar-se ao sábio.
O tolo não quer aprender. Não quer ser sábio. Despreza o ensino e desqualifica seu conteúdo, banalizando regras e menosprezando seu orientador. Afinal, a instrução e o ensino, se ouvidos e apreendidos, lhe impedirão de ser e fazer tudo aquilo que insensatamente planejou ou ainda planeja realizar. O tolo foge da compreensão.
Juntos nesses Exercícios Espirituais no Livro de Provérbios, iremos remexer os tesouros existentes nesse baú. E tenho a convicção de que encontraremos muitas razões para pensar e repensar, tanto o comportamento humano em seus mais variados aspectos quanto as atitudes nossas de cada dia; aquelas que, na intimidade de nossos entendimentos, nos revelam quem realmente somos.
Sábio ou tolo? Prudente ou insensato? Diligente ou preguiçoso? Prepare-se para uma viagem ao mais profundo da alma e ao confronto com suas mais íntimas e impublicáveis verdades.”
[1] Resumidamente, Salomão foi um rei de Israel conhecido por sua sabedoria, conforme descrito na Bíblia. Ele era filho do rei Davi e sucedeu seu pai no trono. Durante seu reinado, que durou cerca de 40 anos, Israel viveu um período de paz e prosperidade. Salomão é creditado por ter construído o Templo em Jerusalém, além de ter sido um prolífico escritor, autor de muitos provérbios e hinos. Sua sabedoria e conhecimento se tornaram lendários, e sua reputação se estendeu além das fronteiras de Israel. No entanto, ao longo de seu reinado, Salomão também enfrentou desafios, incluindo problemas políticos e questões relacionadas à sua administração. Apesar de suas realizações, alguns aspectos de seu governo foram criticados, principalmente sua política de impostos pesados e a construção de monumentos grandiosos que eventualmente levaram ao declínio do reino após sua morte.
Querendo saber mais sobre Salomão, pesquise nas obras indicadas abaixo:
· Teologia do Antigo Testamento, de Walter Brueggemann
· Teologia do Antigo Testamento, de Gerhard von Rad
· Sabedoria do Antigo Testamento, de Tremper Longman III
· História de Israel no Antigo Testamento, de Roland de Vaux
[2] O livro de Provérbios é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento. Ele consiste em uma coletânea de provérbios e instruções que oferecem orientações práticas para a vida, baseadas na sabedoria divina. Seguem questões relevantes sobre o livro de Provérbios e seu propósito:
1. Origem e Autoria: Tradicionalmente, Salomão é considerado o principal autor do livro de Provérbios, embora algumas seções possam ter sido escritas por outros autores. Salomão era conhecido por sua sabedoria e por sua habilidade em ensinar através de provérbios e parábolas.
2. Propósito: O propósito principal do livro de Provérbios é instruir os leitores na sabedoria divina, ajudando-os a viver uma vida virtuosa e justa. Os provérbios abordam uma variedade de temas, incluindo a busca pela sabedoria, o temor do Senhor, a importância da disciplina, o valor do trabalho honesto, a responsabilidade financeira, o uso adequado da língua e a importância de escolher boas companhias.
3. Público-alvo: Os provérbios são direcionados a uma ampla audiência, incluindo jovens, pais, líderes e todas as pessoas em busca de sabedoria e discernimento para viver uma vida piedosa.
4. Formato: O livro de Provérbios é composto principalmente por provérbios curtos e concisos, muitos dos quais são em forma de poesia. Eles são projetados para serem memorizados facilmente e aplicados à vida diária.
5. Importância Teológica: Além de oferecer conselhos práticos para a vida cotidiana, o livro de Provérbios também apresenta uma visão teológica da sabedoria, destacando que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Provérbios 1:7). Isso significa reconhecer a supremacia de Deus em todas as áreas da vida e viver em obediência aos Seus mandamentos.
Em resumo, o livro de Provérbios é uma fonte valiosa de sabedoria divina e oferece orientação prática para uma variedade de situações e desafios enfrentados no dia a dia. Ele enfatiza a importância de viver uma vida piedosa, baseada nos princípios de Deus, e serve como um guia confiável para aqueles que buscam crescer em sabedoria e discernimento.
[3] O “temor do Senhor” é um conceito central nos Provérbios e na sabedoria bíblica em geral. Ele descreve uma atitude de reverência, respeito e submissão a Deus, que resulta em obediência aos Seus mandamentos e busca pela sabedoria divina. O “temor do Senhor” não é simplesmente um medo superficial de Deus, mas uma profunda reverência que molda o caráter e a conduta da pessoa.
Várias passagens nos Provérbios destacam a importância do “temor do Senhor” como o princípio da sabedoria e fonte de bênçãos:
· Provérbios 1:7 (NVI): “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.”
· Provérbios 9:10 (NVI): “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento.”
· Provérbios 14:26 (NVI): “No temor do Senhor há confiança firme, e os seus filhos têm refúgio.”
· Provérbios 16:6 (NVI): “Pelo amor e pela fidelidade se expia a culpa; pelo temor do Senhor o homem evita o mal.”
Essas passagens e outras semelhantes nos Provérbios enfatizam que o “temor do Senhor” é a base sobre a qual a verdadeira sabedoria é construída e que ele conduz a uma vida de retidão, bênçãos e proteção divina.
Além das referências bíblicas nos Provérbios, várias obras de teologia e comentários bíblicos podem oferecer insights adicionais sobre o significado teológico do “temor do Senhor”. Algumas sugestões de obras incluem:
· “Temor de Deus: O Fundamento da Sabedoria” (por R.C. Sproul): Neste livro, o autor explora o conceito bíblico do “temor do Senhor” e sua importância para a vida cristã.
· “Comentário do Antigo Testamento: Provérbios” (por Tremper Longman III): Este comentário oferece uma análise acadêmica dos Provérbios, contextualizando-os dentro do Antigo Testamento e explorando seu significado teológico, incluindo o “temor do Senhor”.
· “Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento: Provérbios” (por Warren W. Wiersbe): Este comentário fornece uma abordagem prática e acessível aos Provérbios, destacando lições espirituais e aplicação prática, incluindo o tema do “temor do Senhor”.
[4] No contexto dos Provérbios e da sabedoria bíblica, o termo “tolo” é frequentemente usado para descrever alguém que age de maneira insensata, imprudente ou sem discernimento. O tolo é aquele que não busca a sabedoria, não aprende com seus erros e geralmente toma decisões precipitadas que resultam em problemas ou dificuldades para si mesmo e para outros.
Várias passagens nos Provérbios contrastam o sábio com o tolo, enfatizando a importância de buscar a sabedoria e evitar a tolice. Por exemplo:
· Provérbios 10:14 (NVI): “Os sábios armazenam conhecimento, mas a boca do tolo é uma ruína iminente.”
· Provérbios 12:15 (NVI): “O caminho do tolo parece-lhe justo, mas o sábio ouve os conselhos.”
· Provérbios 13:16 (NVI): “Todo tolo é impetuoso e expõe a sua insensatez.”
· Provérbios 14:3 (NVI): “O tolo que fala muito acaba revelando o quanto é tolo.”
Jânsen Leiros Jr.
Radialista, escritor e articulista Bicuda FM